Adoro um bom anúncio publicitário, daqueles que resultam de mentes inspiradas e criativas. Adoro especialmente quando brincam com as palavras e artifícios linguísticos. Recorri várias vezes a exemplos publicitários, nas minhas aulas de português, para ilustrar recursos estilísticos, duplos sentidos e outros tantos malabarismos linguísticos. Lembro-me, por exemplo, de ter mostrado, numa aula sobre palavras homónimas, um anúncio de uma certa bebida gaseificada que achei particularmente criativo e que mostrava várias garrafas em fila numa estrada, assemelhando-se a viaturas, e que dizia “Porque nem todos os engarrafamentos têm que ser uma seca…”.
O meu filhote mais velho também partilha do meu gosto pelas línguas e por tudo o que a elas se relaciona. E é ver-nos aos dois a delirar quando encontramos frases giras ou criativas, aqui e ali, e que se destacam por brincarem com a língua. Há dias estávamos no Sainsbury’s e ele viu uma bancada dedicada ao Red Nose Day, onde estavam expostos vários bonecos narizes vermelhos, cuja venda revertia para caridade, e que tinha como slogan: “Pick your Nose”. O Luís Pedro é que reparou e adorou, claro! Escolha o seu nariz ou Tire macacos do nariz! 😊
Para mim, brincar com a língua é como fazer criações da Lego. Tal como as peças, há palavras de distintos tamanhos e cores e com elas é possível edificar infinitas construções. Há pouco tempo, estive com o LP numa exposição da Lego no Horniman Museum e li algo muito interessante sobre as estatísticas da Lego e as diferentes e inúmeras combinações possíveis. E com a língua é igual. E, talvez por isso, quando escrevo, sinto-me de novo criança! Adoro brincar às construções da Língua! E, tal como as crianças, às vezes perco a noção do tempo e da realidade. E às vezes perco o fio à meada, tal é a ânsia de escrever sobre tudo e sobre nada.
Esta divagação inicial surgiu no seguimento do título e pelo facto de uma publicidade bem conseguida ou slogan publicitário poderem perdurar e ecoar na nossa mente e ouvido. Há anúncios e frases que ficam para a história e/ou na nossa memória, como a que adaptei para o título deste post. Esta frase surgiu no seguimento de há pouco, antes do jantar, os nossos recém-vizinhos nos terem vindo cá tocar à campainha e oferecer um ramo de flores. Há uma semana atrás tocaram à campainha, para nos dizer que iam fazer obras no jardim e para pedir se era possível os trabalhadores passarem pelo nosso com alguns materiais para não estarem a passar por dentro de casa. Nós dissemos que sim, que não havia problema e até lhes deixámos uma chave do nosso portão. Esta semana vieram cá agradecer e ofereceram-nos um ramo de flores lindíssimo (em tonalidade cor de rosa, até parece que adivinharam que é a minha cor preferida). Não estávamos nada à espera. Adorei, as flores e o gesto!
E, então, lembrei-me de outra situação em que também, e inesperadamente, recebemos um ramo de flores de presente, dessa vez, por ocasião do nascimento do Leozinho. Nunca mais me esqueço, estava sozinha em casa com o meu doce recém-nascido e tocam à campainha da nossa antiga casa aqui em Inglaterra. Fui abrir e um estafeta entregou-me uma caixinha presente que vinha da parte do nosso senhorio. Abri e vi que tinha no interior um belo bouquet de flores e uma linda mensagem de parabéns pela chegada do nosso bebé. Achei um gesto de uma imensa amabilidade, tendo em conta que tínhamos apenas uma relação cordial, de senhorio e inquilinos. Fiquei muito bem impressionada e adorei o carinho demonstrado. Agora, ao receber estas segundas flores inesperadas, de pessoas com quem temos pouca familiaridade, não posso deixar de comentar o meu agrado e de questionar se será algo habitual por cá, por terras de Sua Majestade.
