Temos pena, Sr. Daniel Pennac, mas, às vezes, o verbo ler tem de suportar o imperativo!*

Ai e tal, as crianças só devem ler por vontade própria, não devem ler por sugestão ou imperativo dos pais ou dos professores.

Sim, sim, isso é tudo muito lindo, mas, nos tempos que correm, com tanta concorrência desleal das novas tecnologias e com a proliferação das ‘gadgeterias’, não se pode facilitar.

Por experiência própria, quer como mãe, quer como professora, se assim fosse, havia semanas em que o leitor LP e a maioria dos pequenos leitores, que pelas minhas salas de aula foram passando ao longo de mais de quinze anos, pouco liam ou só liam diários da t-r-e-t-a!

Sim, a leitura recreativa é fundamental para criar o prazer da leitura. Ponto.

Contudo, a leitura obrigatória é fundamental para criar Leitores. Ponto.

Leitores com letra maiúscula, leitores esclarecidos, leitores que sabem conjugar o verbo ler sem gaguejar, leitores que quando leem (e, consequentemente, escrevem e falam) o fazem com desenvoltura e saber.

Leitores com letra maiúscula, que leem toda a página na íntegra, leem o texto que figura nas linhas e nas entrelinhas, leem o inter e o intratexto, o micro e o macrotexto, enxergam o dito e o sugerido.

E por isso, meus amigos leitores, viva a leitura recreativa e viva a leitura obrigatória! Viva a Leitura! Viva a Leitura Viva! Viva! Leia!

P.S.1- Post não escrito em parceria com a Editora Leya. Contudo, Senhoras e Senhores da Editora Leya, pela óbvia publicidade e porque toda a gente pensou em Vós, quando leu a última frase imperativa do post acima lido, estão à vontade para enviar cá para casa alguns exemplares de Bons Livros, livros que criam e formam Leitores, e alguns deles, certamente, o teen leitor cá de casa lerá com prazer (pois, felizmente, o seu gosto não se fica pelos diários de frutos e afins) e outros lerá por imperativo. Thanks in advance!

P.S.2- Como podem ter suspeitado, este post surgiu no seguimento de uma leitura obrigatória aqui em casa. Comprei um livro para o teen. Sugeri a leitura. Não lhe pareceu interessante pela capa e contracapa, as quais viu e leu em 2 segundos e meio. Não quis ler. Por saber que era um Bom livro e que iria ser uma leitura importante, insisti. Não quis. Obriguei. Leu. Não tinha outro remédio. Foi lendo aos poucos. Primeiro poucos curtos, depois poucos mais demorados. Leu tudo. Uns dias depois, veio ter comigo. “Mãe, custa-me um pouco dizer isto…”. “O que é, filho?”. “Gostei muito daquele livro que querias que eu lesse… TALVEZ numa próxima vez aceite melhor as tuas sugestões… ”. “Não há problema. Sempre às ordens, meu teenagerzinho!”

* “O verbo ler não suporta o imperativo. É uma aversão que compartilha com outros: o verbo amar… o verbo sonhar… É evidente que se pode sempre tentar. Vejamos: “Ama-me!” “Sonha!” “Lê!”. “Lê, já te disse, ordeno-te que leias!”
– Vai para o teu quarto e lê!
Resultado?
Nada.
Ele adormeceu sobre o livro (…).”
in Como um Romance, de Daniel Pennac

Fotos antigas dos dois pequenos leitores cá de casa num momento de leitura recreativa.
Ao ver estas fotos, recordo que o Leo adorava aquele livro e reparo, também, que tem uma mãe que adorava encasacar a criança! É certo e sabido que em Inglaterra está mais fresquinho, mas não exagere, senhora!
Pronto, assim já está melhor! Não é preciso atabafar o miúdo!
Ao final do dia, reading buddies a ler sobre o dia a dia dos pequeninos.

Bem Haja!

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