Uau!
Esta era a exclamação que repetia dentro de mim, por diversas vezes, ontem, enquanto assistíamos ao espetáculo e, depois, enquanto saímos do teatro.
Uau! Uau! Uau!
Es-pe-ta-cu-lar!
A representação, os cenários, as músicas, os efeitos especiais, TUDO!
Foi o primeiro musical que assisti aqui e seguramente não vai ser o último.
Penso que talvez até tenha gostado mais do que o Luís Pedro ou talvez ele não seja tão expansivo na exteriorização do seu agrado como a senhora sua mãe (e penso que uma vez ou outra, lá mais para o final, o senti remexer na poltrona da plateia com alguma inquietação, como quem tem um limite máximo de concentração total, mesmo que o espetáculo seja sobre um dos seus livros preferidos, de um dos seus autores preferidos).
E precisamente por ele adorar Roald Dahl e por já ter lido o livro umas 543 vezes (penso que ligeiramente atrás do Charlie and the Chocolate Factory, que já leu umas 545), achei que era a peça musical ideal para irmos ver num programinha cultural a dois, mãe e filho, duas crianças no comboio a caminho, entusiasmadas com o que íamos encontrar.
Sabem aquela máxima de que o melhor da festa é esperar por ela, a pré-festa, a antecipação e a expectativa?
Falando em expectativas, obviamente que eram altas, uma peça premiada da Royal Shakespeare Company, levada à cena no West End, o preço dos bilhetes.
Pouco mais do que isso sabia, pois não quis ler reviews nem ver nenhuma informação prévia, para não perder o efeito surpresa quando a visse em placo, até porque a história já conhecia bem.
O Luís Pedro, quando ia lendo e relendo o livro, gostava de me ler expressivamente algumas passagens prediletas, e também já tinha visto o filme com o Danny DeVito, umas duas ou três vezes talvez, a mais recente há um ano e pouco com os meus dois rapazolas mais velhos.
Se tivesse ido ver uma peça só para mim talvez tivesse sido o Mamma Mia, pois gosto bastante dos Abba e do filme com a Meryl Streep, mas não podia estar mais satisfeita com o musical que fomos ver.
Quando chegámos a casa e descrevi a experiência ao papá, que ficou de baby-sitter, parecia ser eu a criança, a querer contar todos os pormenores em catadupa, com acelerada pulsação.
Os pais da Matilda estavam fantásticos, talvez os meus preferidos, não, não posso destacar, havia vários outros personagens tãão bons, a Trunchbull, espetacular, a Matilda, um mini-super talento (fisicamente e na atitude fazia lembrar a jovenzinha Emma Watson, na personagem Hermione, a amiga do Harry Potter), bem como a maioria das crianças do elenco.
Todos os envolvidos no musical merecem definitivamente a standing ovation que a plateia lhes dedicou no final.
Está tudo tão bem conseguido, a caracterização, os adereços, as entradas e saídas em placo (dos atores e dos props, que surgem por debaixo do palco, pelos lados, pelo tecto, enfim).
Destaco, por exemplo, a cena em que a diretora ditadora rodopia a menina das tranças pelas mesmas e a atira pelo ar e a consequente descida abrupta (glup), a cena em que o colega da Matilda é obrigado a comer todo o bolo de chocolate, as frases que aparecem registadas no quadro, escritas por um giz que flutua, comandadas pela mente da Matilda, a chuva inesperada de inúmeros papelinhos coloridos em cima das primeiras filas da plateia (e nos estávamos na quarta, também fomos presenteados). Bem, inesquecível!
O Mamma Mia que se cuide, pois quando o for ver, vai ter que step up his game, pois fiquei spoiled com a Matilda e vou com as expectativas altíssimas.
Lembram-se daquela publicidade das pizas? Pois, com o meu melhor sotaque italiano vos digo, Mamma Mia que peça, a Matilda!