A propósito de uma notícia de jornal sobre a Megan e o Harry, em que a plebeia é acusada de ter casado com o príncipe por interesse, e porque faz hoje 23 anos que conheci o meu marido, a minha inspiração levou-me a escrever sobre o assunto em questão.
Sinceramente, nunca percebi bem a expressão!
Mas haverá alguém que se case, junte, amigue (como se diz na minha terra) ou namore com alguém sem ser por interesse?!
“Ah e tal! No mês de agosto vou-me casar com o Felisbelo, mas não tenho interesse nenhum nele, nem em estar com ele, nem sequer em vê-lo!
Ou
“Hum! Aquele rapaz que conheci ontem despertou-me algum desinteresse. Boa, se continuar a sentir-me assim, talvez um dia ainda digamos o ‘Sim’!”
Pois que sim, meu amigos. Eu casei-me por interesse! E hoje ainda estamos juntos por interesse! Mútuo! E muito!
Ok, estou a levar a coisa demasiado à letra, pensam alguns de vocês.
E depois? Sou de Letras, lembram-se? (Já falei disso aqui, mas não vamos agora recordar decisões tristes num texto em que se fala sobre casamentos.)
Sou de Letras, adoro tudo o que tem a ver com elas, com as palavras e com a escrita. E por isso é que esta expressão me ‘irrita’!
Acredito que certamente haveria expressões mais apropriadas para se associar a um casamento em que uma das partes (ou as duas, sei lá) se casa com alguém num registo (ou na Igreja) de “toma-me lá e agora dá cá!”.
Dá cá o teu dinheirinho, as tuas propriedades, o chalé (e a conta bancária) na Suíça e os carros, oh ye!
Meus caros,
Como gosto de conhecer a origem de tudo o que são expressões, fui perguntar a um ‘amigo’ que sabe quase tudo sobre quase tudo.
Não, não fui falar com o Professor Marcelo. Perguntei ao meu ‘amigo’ Google, pois ficava um pouco caro ir agora apanhar um avião até Portugal, só para indagar o Sr. Presidente sobre esta questão.
Na minha pesquisa rápida não consegui encontrar nada. Se alguém souber, por favor, partilhe, pois eu gosto de ser uma pessoa informada.
Só consegui encontrar a explicação para a expressão “golpe do baú”, esta sim, bem mais apropriada, no meu entender.
https://www.dicionariopopular.com/golpe-do-bau/
Já que estou a fazer filmes sobre interesses e desinteresses associados ao casamento, antes de terminar, tenho de confessar que no meu casamento há algumas cenas relativas ao meu marido que me desinteressam.
Cenas que me desinteressam
Vou só referir duas ou três, pois não quero que ele “me dê com os pés” (é só uma expressão, que aqui em casa não há violência doméstica, atenção! A não ser numa fase em que ao Leozinho lhe dava para distribuir estaladas. Mas não se preocupem, foi algo passageiro e já passou!)
Pois bem, aqui fica um pequeno registo do meu desinteresse em alguns comportamentos do Sr. Meu Marido:
1 – Insistir que me disse algo, quando eu tenho quase 99% de certeza de que ele não o fez.
Lu: “Então vá, até logo!”
Li: “Até logo! Tem um bom dia! Manda um beijinho ao pai, Leo!”
Leo:” Xau, pai! Cicleta!”
Lu: “Não, Leo! Hoje o pai vai de comboio.”
Li: “Vais de comboio?”
Lu: “Sim, hoje como é o jantar da empresa é melhor ir de comboio, para não vir na estrada de noite.”
Li: “Hoje há jantar da empresa?”
Lu: “Sim, eu disse-te, Li. O jantar é a seguir à reunião do quarterly.”
Li: “Disseste-me?? Quando??”
Lu: “Já não sei, mas tenho a certeza que te disse.”
Li: “Não tenho a mínima ideia, mas OK.”
Estas cenas desinteressam-me, pois sou toda organizadinha e se ele me tivesse dito, certamente, eu teria apontado numa das minhas três agendas, como vos falei aqui. Enfim…
2 – Falar sobre funções complexas de coisas eletrónicas/informáticas como se fossem simplicíssimas
Li: “Lu, como é que se seleciona aqui esta função no computador?”
Lu: “É muito fácil! Fazes ‘isto’, e depois ‘isto’. Depois abre-se esta janela, e depois fazes ‘isto’ e ‘isto’ e ‘isto’ e ‘isto’ e ‘isto’… Estás a ver? É muito simples. É intuitivo!”
Li: “Sim, sim, estou a ver. É mesmo muito simples e intuitivo!”
Estas cenas desinteressam-me, pois sou toda in tune com a minha intuição. E se há coisa que aquilo não é é ‘intuitivo’! Nem simples! (Pelo menos para mim.)
3 – O clássico problema masculino da falta de visão/observação/atenção.
Lu: “Li, viste as minhas luvas da bicicleta?”
Li: “Não sei, mas devem estar no baú, onde estão todas as outras coisas da bicicleta, não?”
Lu: “Não, já procurei e não estão.”
Li: “De certeza?”
Lu: “Sim, será que me podes vir ajudar que já se está a fazer tarde.”
Li: “Ok, deixa-me só acabar de mudar a fralda ao Leo.”
Lu: “Obrigado.”
(…)
Li: “Olha-as aqui! Exatamente onde eu tinha sugerido, Sr. Meu Marido!”
Lu: “Estranho, não estavam lá quando eu procurei. Tenho quase 99% de certeza.”
Qual será o mistério para este flagelo masculino? Será distração ou falta de atenção?
Bem, se for uma patologia deve ser ‘prima’ da minha memória fraca ou qualquer outra perturbação que justifique eu, muitas vezes, me esquecer onde estacionei o carro no parking do supermercado!
E pronto, somos assim, um casal muito equilibrado. (Como daquela vez em que, no espaço de um mês, cada um de nós riscou o carro, um em cada lado! Um à esquerda e outro à direita!)
Faz hoje 23 anos que conheci o meu marido, com quem passado quase 8 anos casei por interesse, num dia de calor imenso, como o amor que sinto por ele.
Parabéns para nós, e ao nosso casamento por interesse mútuo!

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“Rir é viver profundamente.” Milan Kundera
2 comments
Opa, gostei muito destes “interesses e” desinteresses”. É sim, estava super calor ❤️
Obrigada! Também gostei muito de escrever sobre eles. Beijoquinhas!