Ontem, sentei-me à frente do computador com a ideia de escrever um post sobre o aniversário de um ano do meu bebé mais novinho, o blogue, que foi planeado para ver a luz a 14 de fevereiro de 2019, no dia do Amor.

A minha ideia era fazer um balanço deste ano de crescimento e de aprendizagem, muito fruto das dificuldades e medos que senti e por que passei, em especial nos primeiros meses de embaraço.
Os receios e algum pudor em me expor ainda se fazem sentir, não foram só no período de gestação.
Tal acontece, em especial, porque não me acomodo na minha zona de conforto e me vou desafiando sempre um pouco mais, como por exemplo, quando escrevo sobre temas e assuntos que me fazem corar ou o coração acelerar.
Aqui penso que se aplica a máxima “Go big or go home!”, ou melhor ainda, “Go deep or don’t bother doing it at all!”. Ou faço como deve de ser ou não vale a pena fazer.
Não vou perder o meu tempo (nem o vosso) a escrever sobre superficialidades ou coisas que em nada contribuem para o meu ou o vosso bem-estar, afinal de contas o nome lovewellbeing não afluiu na minha mente no momento da sua ideação por acaso.
E foi por isso mesmo que este post, inicialmente pensado como reflexão e agradecimento a todos os leitores e amigos que visitam aqui este meu/nosso espacinho, acabou por ter outro rumo e fui levada, pela minha inspiração e pelo meu coração, a escrever sobre a minha mãe e sobre a nossa relação.
A minha mãe não era uma pessoa que, confortavelmente, me dissesse, verbalmente, o quanto gostava de mim ou me dissesse diretamente o quão tinha orgulho no meu bom trabalho (embora já o consiga dizer, por exemplo, aos netos. E ainda bem!).
Eu, sendo uma pessoa que dá muito valor às palavras e ao mimo verbal, certamente, ao crescer, senti falta desse “Adoro-te, filha”, “Para mim, és muito especial”. Talvez por isso, eu faço questão de dizer várias vezes aos meus filhos o quanto os adoro e o quanto são lindos e especiais.
Quando eu era ainda menininha, a minha mãe não me dizia direta ou expressamente o quanto gostava de mim ou o quão responsável ou bem-comportada me considerava, por exemplo.
Contudo, ela dizia-mo nas palavras de outra pessoa, quando chegava a casa e comentava, do nada, “A senhora da loja X disse-me que, a semana passada, quando foste lá à loja, foste muito responsável e educada e que eu tenho uma filha muito querida!”
Ao olhar para trás, agora, com o conhecimento e consciência que tenho no momento presente, compreendo muito melhor a minha mãe, traços da sua personalidade e feitio, e, consequentemente, o que dizia, fazia e como agia.
Concomitantemente, hoje em dia, compreendo-me e aceito-me, também, muito melhor a mim, traços da minha personalidade e feitio, e, consequentemente, o que eu dizia, fazia e como agia.
E, mais importante ainda, sinto-me muito mais em paz comigo e com a minha mãe e sinto que nossa relação é cada vez mais sinónimo de compreensão e harmonia.
Compreendo também, agora, que a minha mãe expressava verbalmente o orgulho que tinha em mim dizendo coisas como “Se nós morássemos numa cidade grande ainda havias de ser uma grande artista. Aqui é que não há condições para poderes ser assim!”, ou algo assim.
Na opinião da minha querida mãezinha, não morássemos nós no “interior desquecido e ostracizado”, como dizia o Herman José nos seus tempos áureos de comediante, e eu até talvez pudesse ser uma artista de variedades excecional.
Podia não ter o talento ou a voz de uma Simone de Oliveira, mas tinha um nome que seria certamente sonante como cantadeira: Liliana Marisa! (A TVI que o diga, pois criou uma personagem de novela, que era cantora popular e que tinha uma mala chique, de seu nome Liliane Marise,que assim a acabar em “e” soa muito mais chiquesse, e faz melhor pendant com a mala).
Todos nós recordamos imagens da nossa infância que nos marcaram (umas mais pela positiva e outras mais pela negativa) e por isso estão bem vivas ainda na nossa memória.
Sobre os gestos de amor da minha mãe (que especialmente agora reconheço), tenho uma lembrança visual muito vívida e especial, embora até vos possa parecer algo bastante banal.
Uma caixinha tupperware (marca que a minha mãe adora e da qual já me ofereceu várias prendinhas), com três ou quatro rissóis loirinhos, com um raminho de salsa a adornar o miminho.
Todos eles amorosamente colocados por cima de um guardanapinho, pelo cuidado ou para absorver o excesso de gordura, talvez (pois a minha boa obsessão por uma saudável e equilibrada alimentação foi instigada em mim pela minha querida mãezinha).
E este lanchinho singelo, que embora fosse frito, era do mais saudável, amoroso e belo, pois foi preparado com muito carinho, bem cedinho, na manhã de uma viagem de estudo.
E eu ao levantar-me da caminha, quase de madrugada e ainda ensonada, e ao chegar à cozinha, encontro já lá a minha querida mãezinha a preparar a minha comidinha.
Pensando ainda em comida, lembro-me, também, de um episódio da minha infância em que a minha mãe me estava a dar à boca um iogurte (comidinha que, nos anos 80 em Proença, não era algo tão banal e massificado como hoje).
Uma senhora, para quem a minha mãe trabalhava na altura, vira-se para ela e diz-lhe algo do género: “Carmita, que loucura! A dares iogurtes à tua filha!”, com o espanto de quem vê um pobre a alimentar a sua prole a caviar, em vez de sardinha.
A minha mãe podia não ser uma mãe-galinha, daquelas que abraça os filhinhos e os atabafa com beijinhos a cada hora do dia, como eu já sentia que um dia eu seria, mas tinha outras atitudes e gestos que demonstravam o seu imenso carinho e amor incondicional.
Tenho memórias de ser bem pequenina e de a minha mãe, cada vez que me dava banhinho e lavava a cabecinha, passar o meu cabelinho loirinho, na lavagem final, com chá de camomila, para ajudar a realçar e a perdurar a minha cor de cabelo loirinha (que na altura era natural).
Olhem só o trabalho e o mimo! Eu adoro o cabelo loirinho do meu Leozinho, mas não me vejo a ter todo este labor, cuidado e amor!
E agora que escrevo estas palavras, sinto todo o amor da minha mãe nestes e noutros tantos gestos, que por vezes não valorizei o quanto devia, só porque a comparava à “ideia de mãe” que eu tinha no meu “ideal” ou que eu pensava que um dia eu seria.
E é este o ponto com que quero terminar.
Só porque alguém nos ama ou demonstra esse amor de um modo diferente do que estávamos à espera ou talvez precisávamos em dado momento, não significa que não nos ame ou ame menos.
Somos todos diferentes e temos diferentes modos de agir e de demonstrar afetos. É importante que não sintamos que somos detentores do modo “certo” e “único possível” de se ser, de atuar ou de gostar.
E sinto que esta verdade é válida entre pais e filhos, marido e mulher, entre amigos, ou em qualquer tipo de relação, até mesmo, entre empregado e patrão.
Sempre que julgamos alguém (ato que em si já não é o mais correto, mas que todos nós já fizemos e/ou fazemos), porque pensa, atua, se comporta ou apresenta de modo diferente do que pensamos que faríamos se estivéssemos no seu lugar, ou do que achamos que devia ser o “correto”, o “ideal” ou o “aceitável” em dada situação, tal preconceito só nos vai trazer afastamento, mágoa ou dor, ou a ideia prejudicial de que se é melhor ou superior.
Sei que já estou a divagar um pouco do propósito inicial desta publicação, mas, e dado que vem a propósito do Dia do Amor, sinto que devo terminar com esta mensagem de Amor ao Outro e ao Próximo, por mais distante, diferente ou “estranha” essa pessoa nos possa, em algum momento, parecer, seja ela nossa mãe, amiga, vizinha ou, até mesmo, alguém que acabámos de conhecer.
Feliz Dia do Amor Incondicional! Feliz dia do Bem Querer!

4 comments
Happy birthday
Happy Valentine’s Day, everyday!
Muito bom a postagem. Desejo todo sucesso e que continue evoluindo.
Muito obrigada, Jack!